AMOR
Chegamos outra vez, à quadra
natalícia.
Tempo das mensagens, a alegria
das palavras de uma alma amiga que de ti nunca se esquece e por vezes a frustração
de não se encontrar a mensagem que por isto ou por aquilo não nos chegou.
A palavra comum é, ou deve ser, a
solidariedade.
Não há dúvida que o valor
acrescentado desta época é, apesar de tudo, o estarmos mais disponíveis para
sermos solidários.
Colaborarmos, participarmos e
DIVIDIRMOS. Somos inundados nos órgãos de comunicação social com manifestações de
solidariedade, inclusive com “almoços solidários”, onde quero acreditar que se
pretenda mitigar ao mesmo tempo a fome e principalmente a exclusão.
Depois, bem devagar, mas
paulatinamente, vem chegando a solidão, com ela
a clarividência que o ano tem mais 364 dias e que nestes dias todos
precisamos uns dos outros, embora infelizmente reconheça que cada vez mais, muitos são os que
precisam dos outros.
As pessoas
nunca devem ser consideradas como “coisas” ou “números, enfraquecidas e sem
emprego, o principal meio de subsistência, com salários baixos e por isso mesmo
cada vez com menos possibilidade de participarem com independência na
sociedade, porque subjugadas e com enorme tendência para a submissão.
Enquanto os
lucros de alguns crescem exponencialmente, os rendimentos da maioria situa-se
cada vez mais longe de uma minoria que manda no mundo.
A luta hoje em
dia trava-se no campo da discussão sobre a crescente dissolução do conceito de sociedade,
opondo-lhe a supremacia absoluta da noção de interesse individual.
A fome pode
roubar tudo ao ser humano. Rouba-lhe a solidariedade, a dignidade, o respeito,
tudo aquilo que o faz ser ser humano.
Não quero
ficar com vergonha por ser parte disto, por não ter gritado o suficiente, por
não ter sido parte da mudança que se reclama.
Devemos estar
sempre desconfortáveis com a mendicidade do outro, com a sua posição de
aparente debilidade e não menos importante, com a nossa ilusória SUPERIORIDADE.
Aqui no nosso “planeta goal”, vivemos um
projecto de dedicação aos homens do futuro, participarmos do seu crescimento,
ajudar no seu desenvolvimento, sentir a evolução de cada um, no treino de
aprendizagem cuja principal obsessão é a CELEBRAÇÃO. Ir em busca da evolução
com alegria, com esperança, com capacidade envolvimento entre todos, os que
pretensamente pretendem transmitir conceitos e aqueles que com o brilho nos
olhos absorvem e transformam tudo em actos de rara beleza neste desporto que
emociona e prende o mundo todo – o futebol.
A nossa “ideia de jogo” para
crianças é fazer com que todos compreendam que para poderem desenvolver as suas
capacidades intrínsecas, e como tal individuais, precisam do enquadramento
naquilo a que se chama Equipa.
Vivemos mais um dia especial, na
antevisão do Natal, recebendo das crianças aquilo que só elas podem dar – o obrigado
mais sincero – a forma mais sublime que Deus nos presenteou de apresentar e
representar a GRATIDÃO, para mim a palavra que simboliza a maior demonstração
de caracter entre as relações humanas.
Nunca uma criança sorri para quem
não gosta, nunca brilham os seus olhos para quem não simpatizam, e por isso me
alimento destes momentos de PURA emoção, onde procuro controlar o aperto do
coração com a chegada das lágrimas, esclarecedoras e denunciadoras de que
afinal vale a pena nos entregarmos à vida porque de uma forma por vezes subtil e as vezes com leitura inconsciente
a recompensa chega.
Diz um ditado
japonês que " é melhor viajar cheio de esperança do que chegar". Este
ditado tem a virtude de nos ajudar a entender a importância de pormos ilusão no
nosso caminho. A viagem importa muito!
Quando o
esforço é empurrado pela ilusão, já não se chama esforço mas sim desafio.
Encontrar
razões para sonhar e ter ilusões faz parte do segredo da felicidade.
Para terminar
uma confidência.
No sapatinho
de Natal deixei o pedido de que a gente consiga caminhar juntos neste processo de aprendizagem comum, “onde
todos são alunos e professores” como perpetuor Bayard Boiateuax, sempre
iluminados pela luz da celebração. A celebração da vida, da vontade, do
trabalho e da certeza que sabendo orientar a nossa vontade, TUDO É POSSÍVEL!!!
Para o ano que
se avizinha, conversei com Deus solicitando que possa me transmitir razão ao
meu cérebro de adulto e que me mantenha o coração de menino.
Com
persistência, vontade, capacidade de trabalho e muita alegria juvenil, seremos
hoje melhores do que ontem e amanhã muito melhores do que hoje!